Arnaldo Antunes explora, nesta performance, inúmeras possibilidades rítmicas e entoativas da linguagem poética. Acompanhado do músico Marcelo Jeneci (teclado e sanfona), Arnaldo fala, berra, canta, entoa ou sussurra, acrescentando, com esses recursos vocais, múltiplas sugestões de sentidos que dialogam com os poemas em si. Usa também efeitos e processamentos de sua voz ao vivo, além de improvisar sobre algumas bases de vozes pré-gravadas. Em algumas peças, Arnaldo sampleia sua própria voz ao vivo, sequenciando várias camadas de loops, que se sobrepõem enquanto vão sendo executados. O resultado são ambientes sonoros variados, onde a palavra protagoniza a cena, em atrito com os sons de Jeneci e as imagens projetadas, pilotadas ao vivo pela artista plástica Márcia Xavier. Além disso, Arnaldo utiliza alguns objetos (um globo luminoso, um rádio, tinta fosforecente, cartazes) em sua ação, interagindo com eles enquanto diz/canta/entoa os poemas.