Stabat Mater
2018 é um ano de muitas homenagens no mundo da música de concerto. E a Associação de Canto Coral ressalta os 150 anos de falecimento de Gioacchino Rossini, executando o Stabat Mater, obra composta em 1833 e que só teve sua versão definitiva em 1842.
Dois anos depois da estreia de sua última ópera, Guilherme Tell, por volta de 1831, Rossini recebeu durante viagem à Espanha, uma encomenda feita pelo conselheiro do Estado, o arquidiácono Fernández Varela. Devido a complicações em seu estado de saúde, precisou interromper o trabalho, deixando a conclusão à responsabilidade de seu amigo e também compositor italiano Giovanni Tadolini (1789 – 1872). Rossini terminaria a composição, substituindo as seções compostas por Tadolini pelas suas próprias, somente em 1841, após a morte de Varela, aquele que encomendou a obra. Esta versão teve sua estreia em 1841.
A obra é composta para quatro solistas: soprano, mezzo-soprano, tenor e baixo, acompanhados por coro misto e orquestra. Contém dez seções, que se alternam em relação ao tipo de formação do grupo, ou seja, em algumas seções há o uso de duos, solista acompanhado pelo coro, ou então os quatro solistas simultaneamente, e assim por diante, dependendo da necessidade expressiva de cada passagem ou cena.

Associação de Canto Coral
A Associação de Canto Coral, entidade sem fins lucrativos criada em dezembro de 1941 tendo como patrono musical o compositor Heitor Villa-Lobos e como diretora artística a maestrina Cleofe Person de Mattos, tem o objetivo de divulgar o patrimônio musical brasileiro, sobretudo através de concertos no Brasil e no exterior e gravações das principais obras corais-sinfônicas do período colonial. Até a presente data, a Associação de Canto Coral já realizou mais de 750 concertos, com grandes orquestras, sob a regência de maestros internacionais como: Igor Strawinsky, Karl Richter, Victor Tevah, Sir Colin Daves, Helmuth Rilling, Jacques Pernoo; e maestros brasileiros como: Villa-Lobos, Camargo Guarniere, Francisco Mignone, Isaac Karabtchevsky, Alceo Bocchino, Benito Juarez e Henrique Morelenbaum. Sua numerosa discografia inclui autores nacionais como José Maurício Nunes Garcia e os setecentistas mineiros; os nacionalistas Villa Lobos, Francisco Mignone, Brasílio Itiberê e Camargo Guarnieri; e os contemporâneos Almeida Prado e Marlos Nobre. Já teve como diretores artísticos, sua fundadora a maestrina e fundadora Cleofe Person de Mattos e também o Maestro Carlos Alberto Figueiredo, a maestrina Valéria Mattos e desde a 2013 a direção musical é do Maestro Jésus Figueiredo.
PROGRAMA
Stabat Mater, Gioaccino Rossini
SOLISTAS Soprano: Eliane Lavigne I Contralto: Andressa Inácio I Tenor: Clayber Guimarães I Baixo: Pedro Olivero
PIANO: Eliara Puggina
REGÊNCIA: Jésus Figueiredo
Stabat Mater – Rossini
Vários compositores se aventuraram em compor obras baseadas no texto Stabat Mater, desde renascentistas como o italiano Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525 – 1594), barrocos como Domenico Scarlatti (1685 – 1757), até clássicos como Joseph Haydn (1732 – 1809), chegando aos dias atuais através de compositores como Arvo Pärt (1935) e Penderecki (1933). O Stabat Mater é um poema religioso cuja origem está arraigada no contexto do século XIII. Era um texto usado na liturgia romana, servindo como sequência da missa ou assumindo a função de um hino. O texto começa com a frase “Stabat mater dolorosa”, que significa “Estava a mãe a sofrer”, cujo propósito reside na descrição da dor de Maria ao ver o filho Jesus crucificado. Até meados do século XIX, o Stabat Mater era reservado quase exclusivamente para o ofício religioso. Com o passar dos anos, o gênero foi ganhando terreno no repertório de concerto das grandes orquestras e através de novas perspectivas por parte dos compositores, que agora ampliavam o potencial narrativo da obra com mais liberdade. É o caso de Rossini que durante quase toda a vida dedicou-se ao gênero operístico e, então, decidiu se aventurar em obras de natureza religiosa, sendo o seu Stabat Mater a mais conhecida e consagrada dessas obras. Por volta de 1831, dois anos depois da estreia de Guilherme Tell, sua última ópera, em viagem à Espanha, Rossini recebeu encomenda de um conselheiro do Estado, o arquidiácono Fernández Varela, porém, por culpa de uma complicação de seu estado de saúde, teve de interromper o trabalho, deixando a conclusão à responsabilidade de seu amigo e também compositor italiano Giovanni Tadolini (1789 – 1872). A versão finalizada por Tadolini estreou em 1833 e só em 1841, após a morte de Varela, aquele que encomendou a obra, Rossini iria de fato terminar a composição, substituindo as seções compostas por Tadolini pelas suas próprias. A versão definitiva de Rossini foi estreada em Paris, em 1842.
A obra é composta para quatro solistas: soprano, mezzo-soprano, tenor e baixo, guarnecidos por um coro misto, além da orquestra. Contém dez seções, que se alternam em relação ao tipo de formação do grupo, ou seja, em algumas seções há o uso de duos, solista acompanhado pelo coro, ou então os quatro solistas simultaneamente, e assim por diante, dependendo da necessidade expressiva de cada passagem ou cena. É interessante notar que Rossini deixa transparecer sua vertente operística, através da dramaticidade da orquestração, dos gestos melódicos e de demais elementos como, por exemplo, a segunda seção nomeada Cujus animam, para tenor, que nos lembra uma ária de bravura de algumas de suas óperas. O Stabat Mater de Rossini se reveste de uma beleza ímpar, capaz de preencher o ambiente com uma solenidade envolvente, impregnada de intensa dramaticidade.
História da Associação de Canto Coral
A Associação de Canto Coral é uma instituição cultural voltada para o convívio social através da cultura e da arte, especificamente o canto coral. Fundada em 1941 pela musicóloga Cleofe Person de Matos, dedicou-se, desde suas origens, à divulgação da música coral brasileira, especialmente a música colonial, objeto das pesquisas da professora Cleofe, que reviveu a obra do maior compositor carioca do período, o padre José Maurício Nunes Garcia. Desde então, a ACC realizou centenas de concertos, com repertório variado, nas melhores salas do Brasil e até no exterior, sob a batuta de renomados maestros nacionais e estrangeiros, como Igor Strawinsky, Karl Richter, Victor Tevah, Sir Colin Daves, Helmuth Rilling, Jacques Pernoo; e maestros brasileiros como: Villa-Lobos, Camargo Guarniere, Francisco Mignone, Isaac Karabtchevsky, Alceo Bocchino, Benito Juarez e Henrique Morelenbaum. Sua numerosa discografia inclui autores nacionais como José Maurício Nunes Garcia e os setecentistas mineiros; os nacionalistas Villa Lobos, Francisco Mignone, Brasílio Itiberê e Camargo Guarnieri; e os contemporâneos Almeida Prado e Marlos Nobre. Nos últimos anos, a direção musical da ACC esteve sob o comando de Carlos Alberto Figueiredo e Valéria Matos e, atualmente, do maestro Jésus Figueiredo. Não tendo nenhum fim lucrativo, e sem nenhuma subvenção estatal, a ACC se mantém apenas através de doações de seus membros e eventuais patrocínios privados. Atualmente, a ACC abriu o leque de grupos corais com diferentes perfis: Coro Oficina, Prelúdio, Coro de Câmara, Coro Lírico Feminino, Coro Tu Voz Mi Voz e Coro Sinfônico. Para aprimorar o desempenho dos cantores, a instituição oferece aulas de técnica vocal individual ou em grupo, teoria e percepção e leitura musical.