FESTIVAL COMPLETA CINCO ANOS E DESTACA O ECLETISMO DA MÚSICA DE CÂMARA
Quarteto de cordas Enso, de Nova Iorque, é a atração principal de evento aqui na Cidade das Artes
Criada pela pianista Simone Leitão com o objetivo de alargar os domínios da prática da música de câmara, a Semana Internacional de Música de Câmara do Rio de Janeiro - único festival da categoria no Brasil – apresenta sua quinta edição entre os dias 21 e 26 de junho, com uma série de concertos na Cidade das Artes, e dia 28 de junho, a noite de encerramento na Sala Cecília Meireles.
Também conhecido como Rio Music Week, este ano o programa privilegia o ecletismo estilístico e cultural da música de câmara, através da variedade de nacionalidades entre os músicos. Entre eles, cubanos, norte-americanos, um russo, um português, e brasileiros de vários estados.
O repertório focaliza desde Bach até Shostakovich. Revisita os fundamentais Haydn, Mozart e Brahms, e oferece a luz do século XX com obras de Vaughan Williams, Bartók e Ravel. Há momentos dedicados à música brasileira de concerto em canções de Carlos Gomes e Alberto Costa, obras orquestrais de Egberto Gismonti, peças de câmara de Villani-Cortes e do Mestre Heitor Villa-Lobos. Uma série de outros compositores também estão na programação, como os franceses Fauré, Chausson e Debussy, e contemporâneos portugueses. O festival celebra Anacleto de Medeiros e o compositor argentino Alberto Ginastera, que completariam 150 e 100 anos respectivamente.
Destaque para a individualidade artística de cada uma das noites, representada por grandes intérpretes, como a argentina Meredes Arcuri, o premiadíssimo Art Metal Quinteto, do Rio de Janeiro, o jovem violista russo Vladimir Babeshko, o destacado clarinetista português Nuno Pinto, o violoncelista Kayami Satomi, de João Pessoa, a soprano Angelica de La Riva e o pianista Orlando Alonso, ambos cubanos, o virtuose da harmônica José Staneck, e os duos Bretas-Kervokian, de piano e Sá, de percussão.
Um dos pontos altos desta quinta edição é o aclamado Quarteto de Cordas Enso, de Nova Iorque. Em sua primeira atuação no Brasil, o grupo irá apresentar três concertos exclusivos para o festival.
Simone Leitão, além de assinar a concepção e direção artística, também é solista no concerto de abertura e nos dias 24, 25 (20h) e 26 de junho.
O sonho de Simone em festejar a prática de música de câmara na Cidade do Rio de Janeiro, lançando luz e espaço que essa arte merece, é concretizado através do apoio da Cidade das Artes, do patrocínio do Banco Itaú, fomentado pela Lei Rouanet de Incentivo a Cultura, juntamente com a Braskem e Vivo, através da Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio de Janeiro.
PROGRAMAÇÃO
TERÇA-FEIRA, 21 DE JUNHO, 21H
Notas do programa
O concerto de abertura da V Semana Internacional de Música de Câmara do Rio será uma celebração da música das Américas, em que se poderá experimentar a diversidade sonora do continente, desde a Argentina até os Estados Unidos, através do Brasil e de Cuba. As obras enfatizam a força rítmica e a beleza melódica que permeiam todas estas culturas musicais. Destaque para os clássicos choros do pioneiro compositor brasileiro Anacleto de Medeiros, que completa 150 anos de nascimento este ano, e para as “Canções Populares Argentinas”, de Alberto Ginastera, na voz do soprano Mercedes Arcuri, cujo centenário de nascimento vem sendo comemorado em todo o mundo.
Mercedes Arcuri, soprano (Argentina)
Daniel Guedes, violino
Simone Leitão, piano
Art Metal Quinteto
Jessé Sadoc e Wellington Moura, trompetes, Antonio Augusto, trompa, João Luiz Areias, trombone e Eliezer Rodrigues, tuba
Programa
CAMARGO GUARNIERI (1907-1993)
Dança Brasileira (1941) 2:30´
HENRIQUE ALVES DE MESQUITA (1830-1906)
Marquês de Pombal (1882) 4´
ANACLETO DE MEDEIROS (150 anos de nascimento, 1866 - 1907)
Três estrelas (s.d.) 3:30´
Medrosa (s.d.) 2:30´
LEONARD BERNSTEIN (1918-1990)
Medley de West Side Story (1957) 8´
ERNESTO LECUONA (1895-1963)
(poesias de Juana de Ibarbourou)
Canción del Amor Triste (1937) 3:40´
Balada de Amor (1937) 2:30
VILLA-LOBOS (1887-1959)
(poesias de Dora de Vasconcellos)
Canção de Amor (1958) 4:30
Melodia Sentimental (1958) 3:30
VILLA-LOBOS (1887-1959)
Sonata-Fantasia nº 1 para violino e piano, “Désespérance” 10´
ALBERTO GINASTERA (100 anos de nascimento, 1916-1983)
Canções Populares Argentinas op 10 para voz e piano (1943) 10´
1. Chacarera
2. Triste
3. Zamba
4. Arrorró
5. Gato
QUARTA-FEIRA, 22 DE JUNHO, 21H
Notas do programa
O segundo concerto traz a estreia brasileira do Quarteto Enso, de Nova Iorque. O grupo mostra neste aqui todo o seu potencial, iniciando a noite com uma obra clássica vienense, que define a formação em quarteto de cordas. Em colaboração com o soprano Mercedes Arcuri, e com a pianista brasileira Josiane Kervokian, oferecem a sonhadora obra do compositor francês Chausson, rarissimamente apresentada no Brasil. Entretanto, o destaque da noite é uma das mais audaciosas obras do homenageado Alberto Ginastera, o Quarteto nº 3 para cordas e soprano, em que a poesia em língua espanhola de Jimenes, Lorca e Alberti engrandecem a sonoridade vanguardista do Villa-Lobos argentino.
Mercedes Arcuri, soprano (Argentina)
Josiane Kervokian, piano
Quarteto Enso (EUA)
Programa
JOSEPH HAYDN (1732-1809)
Quarteto de Cordas em Lá Maior op 20 nº5 Hob III:36 (1772) 25´
1. Allegro di molto e scherzando
2. Adagio cantabile
3. Menuetto: Allegretto
4. Fuga a 3 soggetti: Allegro
ERNEST CHAUSSON (1855-1899)
Chanson Perpétuelle, para soprano, piano e quarteto de cordas op. 37 (1898) 10´
ALBERTO GINASTERA (100 anos de nascimento, 1916-1983)
Quarteto de Cordas nº 3 para soprano e cordas (1973) 25´
1. Contemplativo ("La música", Juan Ramón Jiménez)
2. Fantástico
3. Amoroso ("Canción de Belisa", Federico García Lorca)
4. Drammatico ("Morir al sol", Rafael Alberti)
5. Di nuovo contemplativo ("Ocaso", Juan Ramón Jiménez)
QUINTA-FEIRA, 23 DE JUNHO, 21H
Notas do programa
A genialidade de Mozart se faz notar em todas formações, do piano à ópera, da orquestra à música de câmara. Seu Quinteto em Dó Maior, que dá início ao concerto desta noite, é um dos pilares de sua obra, e por contar com duas violas, nos oferece a oportunidade de ouvir o Quarteto Enso tendo como colaborador o jovem violista russo Vladimir Babeshko, estrela em ascensão no cenário europeu. A delicada Crisantemi, escrita por Puccini, mostra a faceta de camerista do gênio da ópera italiana. A noite se encerra com o belíssimo Quinteto para clarineta e cordas de Brahms, em que o Quarteto Enso encontra mais no incrível músico português Nuno Pinto, convidado exclusivo da Semana de Música de Câmara, o colaborador ideal para jogar luz sobre esta maravilhosa obra-prima do romantismo alemão.
Nuno Pinto, clarineta (Portugal)
Vladimir Babeshko, viola (Rússia/Alemanha)
Quarteto Enso (EUA)
Programa
MOZART (1756-1791)
Quinteto para cordas em Dó maior KV 515 (1787) 35´
1. Allegro
2. Menuetto: Allegretto
3. Andante
4. Allegro
GIACOMO PUCCINI (1858-1924)
Crisantemi (1890) 6´
JOHANNES BRAHMS (1833-1897)
Quinteto em Si menor para clarineta e cordas op. 115 (1891) 40´
1. Allegro
2. Adagio. Piu lento
3. Andantino, Presto non assai,ma non sentimento
4. Con moto
SEXTA-FEIRA, 24 DE JUNHO, 21H
Notas do programa
O concerto desta noite oferece ao público duas obras de grande beleza e que raramente se ouvem. O Trio nº dois de Villa-Lobos, que conta com Simone Leitão ao piano, escrito há 100 anos, na primeira fase do compositor, mescla com maestria a sua já exuberante tropicalidade com o estilo francês da Belle Époque, o que lhe confere uma sonoridade inusitada. O programa se completa com o Quinteto em Dó menor, também obra da juventude do inglês Ralph Vaughan Williams, com forte influência do romantismo alemão, mas com uma sonoridade especial, fresca, tendo o cubano Orlando Alonso ao pianista. Além das obras, a colaboração de um elenco verdadeiramente internacional é destaque.
Bridget Dolkas, violino (EUA)
Vladimir Babeshko, viola (Rússia/Alemanha)
Lars Hoefs, violoncelo (EUA)
Rodrigo Favaro, contrabaixo
Orlando Alonso, piano (Cuba/EUA)
Simone Leitão, piano
Programa
VILLA-LOBOS (1887-1959) 30´
Trio nº 2 para piano e cordas (1915)
1. Allegro moderato
2. Berceuse - Barcarolla
3. Scherzo: Allegro vivace spirituoso
4. Molto allegro
RALPH VAUGHAN WILLIAMS (1872-1958)
Quinteto para piano e cordas em Dó menor 26´
1. Allegro con fuoco
2. Andante
3. Fantasia, quasi variazioni
SÁBADO, 25 DE JUNHO, 16H
Notas do programa
Esta tarde apresenta uma programação bastante diferente, com um recital de piano e canto que é um verdadeiro passeio entre o Brasil, Cuba, Espanha e França, na voz do soprano Angelica de la Riva e nas mãos do pianista Orlando Alonso, ambos cubanos de experiência artística cosmopolita. São canções que nos remetem aos diversos universos sentimentais destes países, algumas delas raramente apresentadas por aqui. Completa o programa uma obra supresa, criada coletivamente durante o festival com alguns dos convidados e que será anunciada somente no dia.
Angelica de la Riva, soprano (Cuba/Brasil)
Orlando Alonso, piano (Cuba/EUA)
Artistas participantes da Semana de Música de Câmara
Programa
GABRIEL FAURÉ (1845-1924) 3´
Les Berceaux (1879)
ALBERTO COSTA (1834-1886)
Canto da Saudade (s.d.) 4´
CARLOS GOMES (1836-1896)
Suspiro d'alma (s.d.) 3´
Conselhos (s.d.) 2´
Mon Bonheur (s.d.) 3´
CLAUDE DEBUSSY (1862-1918)
Trois Chanson de Bilitis (1894) 10´
1. La Flûte de Pan
2. La Chevelure
3. Le Tombeau des Naïades
ERNESTO LECUONA (1895-1963)
Maria La O (1930) 3´
XAVIER MONTSALVATGE (1912-2012)
Cuba dentro de un Piano (1945) 4´
Canto Negro (1945) 2´
ENRIQUE GRANADOS (1867-1916)
“Tonadillas al estilo antiguo” H.36 (1912)
(poema de Fernando Periquet)
¡Oh, muerte cruel! 2´
JOAQUIN TURINA (1882-1849)
Poemas en forma de canciones, opus 19 nº5, Las Locas por Amor (1917) 1,30´
OBRA COLETIVAMENTE SELECIONADA E ENSAIADA DURANTE O FESTIVAL
SÁBADO, 25 DE JUNHO, 20H
Notas do programa
Noite de mais ecletismo musical, que se estende das íntimas sonoridades do duo de clarineta e piano, que privilegia compositores portugueses e brasileiros, e nos conduz à riqueza de timbres angulosos do Quarteto de Maurice Ravel, obra marcante do impressionismo francês. O concerto nos leva, em sua conclusão, até a experiência emocional quase à beira da histeria do fabuloso Quinteto com piano do russo Shostakovich. Destaque para a colaboração ao piano de Simone Leitão em estilos tão distintos.
Nuno Pinto, clarineta (Portugal)
Simone Leitão, piano
Quarteto Enso (EUA)
Programa
EDMUNDO VILLANI-CORTES (1930)
Águas Claras (1990) 5´
MANUEL IVO CRUZ (1901-1985)
Aguarelas nº 3, Canto de Luar (s.d.) 4´
TELMO MARQUES (1963)
Waxed Floor (2010) 5´
MAURICE RAVEL (1875-1937)
Quarteto de Cordas em Fá Maior (1903) 30´
1. Allegro moderato – très doux
2. Assez vif – très rythmé
3. Très lent
4. Vif et agité
DMITRI SHOSTAKOVICH (1906-1975)
Quinteto para piano e cordas em Sol menor op 57 (1940) 36´
1. Prelude: Lento
2. Fugue: Adagio
3. Scherzo: Allegretto
4. Intermezzo: Lento
5. Finale: Allegretto
DOMINGO, 26 DE JUNHO, 18H
Notas do programa
O domingo é o dia da Academia Jovem Concertante e seu mergulho musical de riquezas de estilos e variedade de solistas. Sob a batuta de Daniel Guedes, o concerto se inicia com duas pérolas de Egberto Gismonti, compositor e instrumentista contemporâneo. Especialmente arranjadas pelo próprio compositor para a harmônica virtuose de José Staneck e orquestra de cordas, serão apresentadas pela primeira vez no Rio de Janeiro. Em seguida, a Academia recebe como solista a sua diretora artística Simone Leitão para o Concerto em Ré menor de Bach, uma das obras inaugurais para esta formação, mas que mantém uma invencível atualidade que atravessa três séculos. A noite se encerra com a maravilhosa Serenata em Dó Maior de Tchaikovsky, uma das mais delicadas composições do gênio russo e declaradamente inspirada em Mozart. Um desafio possível para um grupo jovem de grande potencial musical como a Academia Jovem Concertante.
José Staneck, harmônica
Simone Leitão, piano
Daniel Guedes, regente
Academia Jovem Concertante
Programa
EGBERTO GISMONTI (1947)
Memória e fado para harmônica e orquestra (1973/2008) 7´
Sonhos de Recife (1995/2008) 6´
BACH (1685-1750)
Concerto em Ré menor BWV 1052 para piano e orquestra (1738,9) 22´
1. Allegro
2. Adagio
3. Allegro
PIOTR YILICH TCHAIKOVSKY (1840-1993)
Serenata para cordas em Dó Maior op. 48 (1880) 30´
1. Pezzo in forma di sonatina: Andante non troppo — Allegro moderato
2. Valse: Moderato — Tempo di valse
3. Élégie: Larghetto elegiaco
4. Finale (Tema russo): Andante — Allegro con spirito