Poesia Martinho Só
Um show inteiro à capela. Até onde sabemos, no Brasil, é algo jamais visto. Sim, até onde sabemos. Pois, o que não sabemos é que um ilustre cantor e compositor irá encarar tal desafio no INUSITADO.
Neste espetáculo, totalmente baseado na poesia de sua obra, Martinho está só. Propositalmente só. A seu lado, somente alguns pequenos instrumentos de percussão, dentre os quais o Cajon, que pela primeira vez vai tocar em público.
Pensem no nobre “Senhor da Vila” cantando – e, por vezes, declamando –, nesse formato intimista, alguns dos seus grandes sucessos que farão do projeto Inusitado, sem dúvida nenhuma, ainda mais inusitado.
A Série INUSITADO
Idealizada e realizada por André Midani em parceria com a Cidade das Artes, a série INUSITADO 2015, acontece sempre às terças e quartas-feiras, e até novembro traz espetáculos inéditos e não convencionais.
André Midani - um dos nomes mais importantes da indústria fonográfica brasileira nos últimos 60 anos – responde pela seleção do elenco, mas deixa a cargo dos artistas a escolha e elaboração do que será apresentado.
“Os artistas têm carta branca para pensar e executar quaisquer ideias que venham à cabeça, com a condição de que estas estejam fora dos padrões normais de suas trajetórias. É uma oportunidade para saírem da zona de conforto e emprestarem frescor ao processo criativo”, explica Midani.
A sequência do projeto contará com esta apresentação de Martinho da Vila (6 e 7 de outubro) e Fafá de Belém (3 e 4 de novembro). Alcione; Zélia Duncan e Jaques Morelenbaum; e Anitta, Arlindo Cruz e Arnaldo Antunes, Kassin,Marcos Valle e Marcelo Jeneci foram as atrações da série 2015, que começou em abril.
Nas edições anteriores, em 2013 e 2014, a série promoveu espetáculos idealizados por músicos, cineastas e atores, como Arnaldo Antunes, Andrucha Waddington, Blitz, Elza Soares, Erasmo Carlos, Fernanda Montenegro, Frejat, Lenine, Paula Toller e Ney Matogrosso. As performances incluíram uma mistura de samba com música eletrônica proposta por Elza Soares; um recital de poesia em que Arnaldo Antunes explorou de maneira singular as possibilidades fonéticas da língua portuguesa; e o encontro de Fernanda Montenegro com a Velha Guarda da Mangueira, no qual a atriz declamava letras emblemáticas do lendário grupo para introduzir as canções que seriam executadas em seguida.
Sobre MARTINHO
Martinho José Ferreira nasceu em Duas Barras, Rio de Janeiro, em 12 de fevereiro de 1938. Filho de lavradores da Fazenda do Cedro Grande veio para o Rio de Janeiro com apenas quatro anos.
O artista surgiu para o grande público no III Festival da Record, em 1967, quando apresentou o partido-alto Menina Moça e no ano seguinte, na quarta edição do mesmo festival, lançou o clássico Casa de Bamba, seu primeiro sucesso, seguido de O Pequeno Burguês.Logo se tornou um artista conceituado e ganhou muitos prêmios pela qualidade do conjunto da obra, além de ter sido um dos maiores vendedores de disco no Brasil. Hoje, é impossível saber de cor todos os prêmios que ganhou.
Ingressou e passou a dedicar-se de corpo e alma à Escola do Bairro de Noel em 1965 e a história da Unidos de Vila Isabel se confunde com a de Martinho que passou a ser chamado o Da Vila. Os sambas de enredo mais consagrados da escola são de sua autoria. Também criou vários temas para desfiles, dentre os quais Kizomba, a Festa da Raçaque está entre os mais memoráveis da história dos carnavais e garantiu para a Vila, em 1988, seu consagrado título de Campeã do Centenário da Abolição da Escravatura. Também colaborou na criação de outros temas, entre os quais o Soy Loco Por Ti América, que deu a Vila o título máximo do carnaval de 2006 e é co-autor do enredo e também do samba-enredo A Vila Canta o Brasil, Celeiro do Mundo, campeões de 2013.
Nacionalmente conhecido como sambista, Martinho da Vila é um legítimo representante da MPB, com várias composições gravadas por cantores e cantoras de diversas vertentes musicais, intérpretes consagrados no Brasil.
Além de compositor e cantor, é escritor autor de 13 livros, dentre os quais Os Lusófonos, reeditado em Portugal, assim como Joana e Joanes – Um Romance Fluminense e Ópera negra, traduzidos para o francês. No Salão do Livro de Paris 2015, será lançado o seu romance Os Lusófonos.