TEMA: Etarismo e envelhecimento
DATA: 27/11/2024
Dados apontam uma tendência ao aumento da proporção de idosos na população brasileira. Em 2030, segundo o IBGE, 20% dos brasileiros estarão nesta faixa etária. No entanto, o idoso sofre com a falta de políticas públicas e privadas que deem acessibilidade e dignidade aqueles que atravessam esta fase da vida, muitas vezes sendo vítimas de práticas etaristas.
Ora, se há uma tendência ao aumento da proporção de idosos na população, um aumento da expectativa de vida e, na melhor das hipóteses, todos nós estamos atravessando ou vamos atravessar a velhice...o que será que nos faz, enquanto sujeitos e comunidade, desconsiderar a importância da dignidade da pessoa velha?O que será que esse "descaso" tenta esconder?
Convidamos a todos interessados a batermos um papo e trocar sobre essa questão que atravessa a todos nós.
TEMAS ANTERIORES
TEMA: O infamiliar (Unheimliche) em nossos dias
DATA: 28/08/2024
É curioso que na atualidade tenhamos muitas dificuldades para reconhecer e definir com clareza as fronteiras entre o real, a realidade, a fantasia, o virtual, a performance e a simulação. Vivemos o mal-estar de uma espécie de generalização do unheimliche.
O que a clínica psicanalítica tem nos apresentados sobre isso ultimamente?
Na nossa roda de conversa, para desenvolver esse tema, vamos nos apoiar no texto freudiano Das Unheimliche (1919).
TEMA: Freud: as guerras, a religião, a ciência.
DATA: 03/07/2024
Ainda no período de vida de Freud, alguns anunciaram a irrelevância e morte da psicanálise. Exageraram. Outros detratores se seguiram.
Mais de um século se passou, o mundo mudou, a moral civilizada também.
Outras formas de subjetividade e uso dos corpos surgiram, novas configurações familiares, outras expressões sintomáticas, novas tecnologias e promessas científicas de cura surgiram. Várias teorias e técnicas psicológicas apareceram e sumiram num "museu de grandes novidades".
O pensamento psicanalítico segue inquietante, subversivo, provocante.
Qual a importância de Freud no século XXI?
Com que questões atuais é preciso voltar aos textos freudianos?
Este será o tema do próximo encontro do Língua Viva.
TEMA: O desejo e o erotismo no caminho para o ato final
DATA: 22/05/2024
“Por mais longa que seja a vida de um ator, ele não tem como declarar: ‘Estou pronto’. E se o fizer, não é do ramo. Embora no teatro se repita, dia após dia, o mesmo gesto, a mesma intenção, o mesmo texto, dentro da mesma encenação, repentinamente ‘uma faísca inesperada de percepção’ revela outra zona a seguir _ que depende da sua inquietação” (Fernanda Montenegro).
O último ato de um espetáculo sempre nos reserva algumas surpresas, algumas revelações e reviravoltas. É a vida que imita a arte! Somos atores de uma peça de nem tanto improviso que tem prólogo, ato, epílogo.
A genialidade de Freud entendeu o movimento pulsional no sentido da vida. Vivemos entre duas mortes, entre o nascimento e o ato final. Como um rio que corre para o mar, a vida enfrenta os desfiladeiros e penhascos, a densidade das florestas, os campos verdes e desertos. No caminho para morte, eros nos detem nos objetos que escolhemos da língua do Outro que nos constitui. Nos apegamos aos significantes com que escrevemos nosso texto trágico.
Desde o nascimento há sempre perdas, há sempre o limite do homem frente ao real. Mas, há um tempo marcado por perdas que são mais próximas e constantes. Como enfrentá-las? Como reencontrar o desejo e o erotismo quando o próprio corpo nos faz obstáculo, quando perdemos nossos entes queridos?
Quando a fantasia nos parece improvável, inventamos com o real das dores, das perdas e também com as marcas de memória para realizar o ato final. Vive mais, e isso não quer dizer a soma dos anos, quem ainda pode guardar a capacidade de ser fiel ao seu desejo.
Annie Ernaux em O Jovem nos ensina sobre o erotismo da mulher considerada madura com um rapaz: “ Muitas vezes fiz amor para me obrigar a escrever… ao fim da espera mais violenta de todas, a de um orgasmo, eu pudesse ter certeza de que não havia orgasmo mais intenso que a escrita de um livro”.
Contra a morte também escreve Gabriel García Márquez: “Tomei consciência de que a força invencível que impulsionou o mundo não são os amores felizes, mas os contrariados”... “A idade não é a que a gente sente”... “O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança” (Memória de minhas putas tristes).
O ato final é uma invenção frente à finitude: “Tudo vai se harmonizando para a despedida inevitável. Inarredável. O que lamento é a vida durar apenas o tempo de um suspiro. Mas, acordo e canto” (Fernanda Montenegro, Prólogo, ato, epílogo).
TEMA: Impasses com a sexualidade na atualidade
DATA: 10/04/2024
O que Freud descobriu ao longo da sua prática clínica foi que o sexual não se reduz ao biológico e não se deixa inteiramente regular pelo discurso moral sexual.
Há algo na sexualidade que sempre traz impasses para o sujeito e para o social. Temas como: monogamia, novas configurações familiares, homossexualidades, identidade de gênero, serão propostos em nossa roda de conversa.
TEMA: Onde está o pai: no social e no inconsciente?
DATA: 31/08/2023
Freud afirmou, em “O Mal-estar na Cultura”, que não poderia imaginar uma necessidade maior do que a do amparo de um pai. A imagem escolhida é a obra “A cena do dilúvio” de Joseph-Désiré Court (1827), nela um homem tenta salvar o pai do afogamento em detrimento de sua esposa e de seu próprio filho.
O anseio pelo pai pode ser num “só depois”, uma contrapartida ao ímpeto de aniquilá-lo ou anulá-lo. Em Totem e Tabu, Freud propõe que as consequências do assassinato e incorporação do pai num banquete por seus filhos é a culpa e a identificação com ele. O pai morto é o pai simbólico, o pai que intervém no inconsciente enquanto agente da castração, como lei que permite o acesso ao desejo.
Em tempos da evaporação da dimensão simbólica e social do pai, o que poderia intervir sobre o imperativo de gozo que rege nossos dias? Um gozo desenfreado que impede o destacamento de uma brecha, um corte, um limite como condição para a falta e o desejo.
Neste cenário, fazemos apelos e evocamos a figura imaginária do pai encarnada em líderes políticos e religiosos, autoridades de vocação totalitária, personalidades da riqueza e etc. Enquanto procuramos um pai bem sucedido para os nossos anseios, não percebemos que o pai é uma função inconsciente de limite, que opera pela lógica da castração nos indicando que não podemos tudo. Neste sentido, onde está o pai que possa dizer não ao império e imperativo de gozo insensato que nos consome além de nossos limites?