Rizoma se inspira na obra do compositor francês Maurice Ravel (1875-1937) e do filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995). É do conceito de “rizoma”, descrito no primeiro volume do livro ‘Mil Platôs’ (1980), que surgiram elementos que interessavam como um instigante ponto de partida para a concepção da coreografia. A companhia carioca, que tem 25 anos, é formada por Bruno Cezario, Soraya Bastos, Fabiana Nunes, Lavínia Bizzotto, José Leandro e Tiago Oliveira.
Com 42 anos de carreira, Renato Vieira mostra em Rizoma uma coreografia inspirada em linhas e planos topográficos, buscando outras dimensões do corpo. Depois de trabalhar sobre o risco (no elogiadíssimo Boca do Lobo, de 2009) e sobre a repetição (Ritornelo, eleito um dos melhores de 2008 por O Globo, Jornal do Brasil e revista Bravo), esta coreografia de Renato Vieira busca a investigação sobre a multiplicidade e a complexidade de interseções da vida moderna. O coreógrafo usa composições de Ravel e visita sua própria performance como bailarino na montagem desta obra por outro Maurice, um dos ícones da dança contemporânea: Maurice Béjart, que realizou uma memorável temporada de Bolero no Theatro Municipal do Rio de Janeiro na década de 1970, estrelada por Jorge Donn.
Forma-se, assim, um verdadeiro rizoma entre esses três artistas, que servirá de diagrama em que estão inscritos os sentidos e as interpretações deste novo trabalho. Em Rizoma o consagrado bailarino Bruno Cezario faz o papel principal, dançando uma releitura do Bolero no formato da dança contemporânea.
Na década de 1970, por convite da dama Dalal Achcar, Renato Vieira ingressou no Corpo de Baile do Theatro Municipal. Foi quando o Bolero entrou em temporada no Rio. “Antes da apresentação, nós, do Corpo de Baile do Theatro Municipal, tivemos aula com Bejart. Foi algo revelador para mim. Experimentei uma liberdade muito grande, não apenas na questão dos movimentos como também na renovação da dança. Ele unia o clássico, o moderno da dança junto com elementos do teatro e aqui no Brasil ainda vigorava a escola acadêmica. Entrar em contato com isso mudou minha forma de ver a dança. Bolero foi um divisor de águas na minha vida”, determina Renato Vieira.
Com Rizoma a Renato Vieira Cia. de Dança continua sua busca pela transformação da vida em matéria artística da poesia corpórea. O coreógrafo fará uma síntese pessoal entre esses diversos conceitos, buscando relacioná-los no espetáculo proposto. Nesta composição coreográfica, temas e conceitos serão transformados em imagens que irão se constituir em movimentos do corpo no espaço.
Sobre Renato Vieira
Coreógrafo que se distingüe pela multiplicidade dos territórios em que atua, além da sua companhia, Renato Vieira dirigiu a Companhia de Dança de São José dos Campos, já criou obras para a Companhia de Ballet da Cidade de Niterói, para o Teatro Guaíra, para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, entre outros, e está entre os pioneiros na direção de movimento para teatro, cinema e televisão. Foi o responsável pela criação e direção de um dos maiores sucessos do teatro musical no Rio com O Som da Motown feito em parceria com o produtor Cláudio Figueira, ampliando um currículo consagrado por assinar direção de movimento em musicais de sucesso como Cole Porter - Ele nunca disse que me amava, Company, South American Way, Cristal Bacharach, Lado a Lado com Sondheim, Sassaricando. Pelo conjunto de sua obra Renato foi premiado e ganhou da Icatu Holding, uma Residência Artística de seis meses em Paris.
No início de 2013 estreou “Safo”, espetáculo que comemorou os 25 anos da Renato Vieira Companhia de Dança. Este ano, assina a direção de movimento do musical “Sassariquinho”, de Rosa Maria Araújo e Sérgio Cabral.