Dia 16/02, no Teatro de Câmara, "Las Zarzuelas''! O espetáculo conta com o tenor André Figueiredo, a soprano Mariana Gomes e o pianista Felipe Naim.
O presente espetáculo se propõe a apresentar um panorama da cultura espanhola, através da zarzuela: este gênero que já capturou as mais diversas cenas da vida e do imaginário deste povo, cantando suas lutas e amores, ecoando os sons de las calles. Os temas giram sempre em torno do cotidiano popular e multicultural espanhol, com influências árabe, judaica e cigana, dentre outras. As peças podem levar o ouvinte ainda a locais distantes, como Síria e Índia, ou para a Sevilla de uma Andaluzia idealizada (estética conhecida como Alhambrismo, em referência ao castelo de Alhambra), de um passado romântico e místico, de ciganos e árabes, para as sangrentas batalhas e revoluções da época, ou mesmo para leves cenas cômicas.
A zarzuela é um tipo de ópera, que combina habilidosamente música sofisticada, com árias e partes orquestrais, misturadas com diálogos em prosa, verso, canções populares, danças e personagens do cotidiano. O gênero deve seu nome às zarzas - ou amoreiras, que dominavam a paisagem de uma das propriedades de caçado rei Felipe IV, o Palácio das Zarzuelas, onde frequentemente estes espetáculos eram encenados. Dos salões de Felipe IV, no século XVII, a zarzuela popularizou-se no século XIX. Abandonou a mitologia grega como temática e passou a tratar de histórias da gente comum. Eram tempos de crise e a rainha Isabela II pagaria enfrentando uma revolução e com próprio trono, poucos anos depois. Mas a zarzuela rapidamente adaptou-se a nova situação, em formatos menores e produções de custo mais baixo, tudo para deixar o espetáculo economicamente viável. A estratégia funcionou: a demanda por zarzuelas foi tão grande que até mesmo um teatro foi construído exclusivamente para abrigar suas apresentações: o Teatro de las Zarzuela, em Madrid, em meados de 1850.
A demanda também foi suprida por alguns dos melhores compositores espanhóis da época, que foram levados pelo sucesso da zarzuela, a escrever para o gênero, como Manuel de Falla e Moreno Torroba, que também serão interpretados neste espetáculo. As zarzuelas são pouquíssimas divulgadas em nosso país, diferentemente de outros países latino americanos. O que justifica a seleção do projeto é o ineditismo, a beleza das melodias, romanzas e canções, além da construção de uma janela no tempo, para apreciar esta cultura tão exótica e ao mesmo tempo, tão próxima da nossa. O espetáculo conta com o tenor André Figueiredo, a soprano Mariana Gomes e o pianista Felipe Naim.