O monólogo Cartas de Maria Julieta e Carlos Drummond de Andrade, de Sura Berditchevsky, retornou ao Rio.
O espetáculo estreou dia de 9 de setembro e encerra 1º de outubro, na Cidade das Artes.
As correspondências de uma vida inteira, trocadas entre um dos maiores poetas da língua portuguesa e sua filha, estarão no palco da Cidade das Artes, no monólogo Cartas de Maria Julieta e Carlos Drummond de Andrade, aos sábados, às 20h e domingos, às 19 horas, de 9 de setembro a 1º de outubro. A pesquisa de mais de um ano de Sura Berditchevsky e Pedro Drummond, em material exclusivo arquivado no gabinete do poeta, resulta em uma montagem, dirigida e encenada pela atriz, que permite descortinar ao público a troca de sentimentos que as cartas expressam no cotidiano de uma vida inteira. Fernando Philbert assina a co-direção do espetáculo.
Durante os 60 minutos acompanhamos o crescimento pessoal e profissional pelo viés da intimidade da relação familiar. Carlos Drummond de Andrade em crescente produtividade e a atividade de sua filha Maria Julieta como cronista. “São cartas desse período, e o recorte que fiz é da intimidade deles. Na peça, temos poemas que ele fez para os netos e alguns momentos bem íntimos. Todo o coração apertado deles aparece explícito”, conta Sura.
Desde que Maria Julieta tinha 5 anos de idade, pai e filha mantiveram uma profunda e intensa cumplicidade, expressa por meio de desenhos, cartas e bilhetes, e que prosseguiu ao longo de toda a vida. As palavras são o veículo maior da demonstração de amor entre os dois. São 5 décadas de correspondência que permitem ao espectador conhecer a fortíssima, delicada e enriquecedora relação entre o poeta e sua filha. De assuntos triviais e corriqueiros até instigantes comentários sobre artes plásticas, literatura, música, cinema e o bairro de Copacabana, onde Drummond viveu a maior parte de sua vida. Ela morreu aos 59 anos em agosto de 1987. Carlos Drummond faleceu 12 dias depois.
A ideia do espetáculo veio de um encontro. A diretora Sura Berditchevsky e o neto do poeta, Pedro Drummond frequentaram O Tablado (escola de atores no Rio de Janeiro) e possuem amigos em comum. Num desses encontros casuais surgiu a ideia de montar um espetáculo com as cartas que estavam em pastas no apartamento onde o poeta vivia, em Copacabana, e no qual mora Pedro: “Aí começamos nosso trabalho de pesquisa. Para ele, então, foi uma coisa encorajadora porque ali estava a vida dele. Eu tinha o último texto de Maria Julieta e um mar de cartas em que eu ia entrar. Eram muitas pastas, muitíssimo bem organizadas pelos dois, as dele para ela e vice-versa”, explica Sura.
O espetáculo parte do último e inacabado texto de Maria Julieta, Topázio, escrito ao final de sua vida, já comprometida por um câncer. A seleção de cartas obedece à cronologia da escrita. A atriz permeia as cartas de ambos. “Eu queria que resultasse numa leitura de cartas mas, por outro lado, queria fugir de fazer personagens, então utilizo recursos em torno, como animação gráfica, a parte documental, e a trilha sonora, que conta, inclusive, com músicas que os dois escutavam”, conta a atriz.
Sobre Sura Berditchevsky
Começou sua carreira teatral no Tablado, escola de atores do Rio de Janeiro, com Maria Clara Machado, onde, mais tarde, passou a lecionar. Dirigiu, escreveu, atuou e produziu diversas peças como Um Peixe Fora D`Àgua, Peter Pan e Diário de Um Adolescente Hipocondríaco, além de atuar em novelas e séries televisivas como Dancing Days,Marrom Glacê e Plumas e Paetês. Atuou, também, no cinema como em Os Sete Gatinhos, Noites do Sertão e Ajuricaba. Fundou, mais tarde, a companhia de palhaços Irmãos Flagelo e passou a dedicar-se a literatura infantil. Atualmente dirige sua própria companhia de teatro, lecionando artes cênicas para crianças e adolescentes. Outro espetáculo da diretora, o infantil Historinhas, está em cartaz no mesmo teatro durante toda a temporada.
Sobre Carlos Drummond de Andrade
Nascido em 1902, em Minas Gerais, é um dos maiores poetas, contistas e cronistas da língua portuguesa. Envolvido com o modernismo, criou a publicação A Revista, com o intuito de divulgar o movimento. Alguns de seus poemas como Sentimento do Mundo, A Rosa do Povo e José constam entre diversas listas de maiores poemas do português. Recusou convites para se tornar imortal da Academia Brasileira de Letras. Foi também tradutor de autores como Balzac, Garcia Lorca e Molière.
Sobre Maria Julieta Drummond de Andrade
Filha de Carlos Drummond de Andrade e Dolores Dutra de Morais, era contista e cronista. Casou-se com um argentino e mudou-se para Buenos Aires, onde teve três filhos. De 1976 a 1983 foi diretora do Centro Cultural Brasileiro de Buenos Aires. Faleceu em 5 de agosto de 1987, doze dias antes de seu pai.
Ficha Técnica:
Cartas de Maria Julieta e Carlos Drummond de Andrade
Elenco: Sura Berditchevsky.
Dramaturgia: Sura Berditchevsky.
Direção: Sura Berditchevsky e Fernando Philbert.
Pesquisa de Cartas: Sura Berditchevsky e Pedro Drummond.
Direção de Arte e Cenografia: Bia Junqueira.
Figurino: Walter Marquette.
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros.
Animação Gráfica e Vídeo: Renato Vilarouca e Ricardo Vilarouca.
Pesquisa Iconográfica: Lucia Cerrone.
Trilha Sonora: Alexandre Elias.
Preparação Vocal: Rose Gonçalves.
Preparação Corporal: Jean Marie Dubrul.
Fotos: Guga Melgar.
Programação Visual: PVDI / Claudia Cohen de Nair de Paula Soares.
Assessoria de Imprensa: Lu Nabuco Assessoria em Comunicação