PEDRO E O LOBO
“É dever do compositor servir seus companheiros, embelezar a vida humana, e apontar o caminho para um futuro radiante” Sergei Prokofiev
Com esta afirmação cheia do otimismo pós revolucionário, anunciava em 1933, ao voltar do ocidente para a Rússia, sua terra natal, a função social de sua música: contribuir para a construção de um mundo melhor.
Neste momento, Prokofiev, recebendo sugestão de Natalie Satz (diretora do Teatro Infantil de Moscou), concebe a história de um valente menino e de um lobo, para ensinar às crianças as diferenças entre os instrumentos de uma orquestra. Após duas semanas a música estava pronta.O sucesso da peça musical foi imediato.
Prokofiev ganha enorme reputação como “compositor infantil”, a ponto do Comissário de Suprimentos do Governo Soviético, Anastas Mikoyan, convidá-lo para conduzir um programa de popularização de canções, poemas e contos infantis tradicionais.
A versão para bonecos de Pedro e o Lobo reforça com imagens a ideia inicial da versão musical: compartilhar com as crianças a estrutura elementar de uma orquestra, seus principais timbres e grupos de instrumentos.
O Giramundo optou pelo marionete a fio por sua ampla gama de movimentos que proporcionam grande possibilidade de expressão. A figura e o texto do narrador, previstos na partitura de Prokofiev, foram substituídos pelos marionetistas que reduziram as intervenções explicativas dentro da parte musical e reforçaram as informações sobre os instrumentos musicais.A idéia teatral do espetáculo é sintética e comunicativa. Os cenários foram substituídos por um desenho em um quadro negro, as vozes dos personagens surgem ao vivo e o plano do palco passa a ser o do chão. Ao mesmo nível dos pequenos espectadores.
O resultado é uma grande brincadeira onde as crianças se divertem, se emocionam e aprendem.
PEDRO E O LOBO
DEPOIMENTO ÁLVARO APOCALYPSE
Começamos a criar lentamente um sonho antigo, de mais de dez anos, que foi Pedro e o Lobo. Nós fizemos o Pedro e o Lobo de Prokofiev uma vez para o teatro da Dulce Beltrão e foi apresentado no Palácio das Artes com bonecos do Giramundo. Esses bonecos não estão no acervo do Giramundo.
Começamos, em 1993, preguiçosamente a produzir nossa versão de Pedro e o Lobo. A nossa oficina estava sendo reformada e nós estávamos no sub-solo da Biblioteca Central da Universidade Federal de Minas Gerais. Fomos montando, sem grandezas, sem grandes intenções.
Procuramos o disco original, eram desgraçadamente todos em grande parte narrados. Nós tivemos que pegar os gravados e selecionar uns trechinhos de música, onde não houvesse narração por cima. Com muito custo, montamos a trilha, mas sem a menor pretensão. E foi assim. E foi muito prazeirozo para mim produzir esses bonecos porque os bonecos eram dirigidos ou esse espetáculo é que iria inaugurar ou reinagurar uma nova fase do Giramundo a da utilização de pequenos espetáculos móveis, sem grandes complicações técnicas utilizando pessoal jovem do grupo.
Os iniciados eram Ulisses, Marcos, Ana Luíza, Beatriz e o Gustavo. O espetáculo foi feito para eles. Foi escrito, concebido e planejado, o roteiro, as marcas. Resolvemos então fazer um espetáculo no Minas Shopping para uma estréia informal. Foi muito bom, eu adorei a idéia, nós armamos um camarim, com pano preto e a gente ia lá para dentro para conversar fiado, com o Shopping funcionando. Chega sete horas da noite, estréia Pedro e o Lobo, na cara de pau. Talvez a primeira vez em que o pessoal atuava em cena com microfone, sem gravação, sem coisa nenhuma, diretamente ao público e o resultado foi excelente.
Pedro e o Lobo é a maior bilheteria do Giramundo. Está desde 93 se apresentando ininterruptamente.
Não houve modificações radicais, mas um aperfeiçoamento fantástico da manipulação.