Resumo dos livros da autora:
O Palavrador – O lavrador de Palavras é um livro de crônicas com várias dimensões, as mais evidentes são a narrativa e a poética. Contudo, as que mais se destacam são: primeiramente, a da Palavra que faz desabrochar sentimentos e reflexões em um momento que a extensão vocabular está tão encurtada; em segundo lugar, a dimensão do Lavrador que é a palavra-chão, que revira a terra, espalha sementes de palavras, finca raiz e faz florescer o campo. É claro que o Palavrador, abordando cortes e semeaduras, não poderia deixar de referir-se às questões ambientais e climáticas tão preocupantes na atualidade. Este livro nasceu da necessidade de se cultivarem palavras que têm sido desprezadas e mutiladas. Assim como as árvores são tão essenciais para os rios, a fauna e as pessoas, as palavras são fundamentais para a preservação do ecossistema linguístico. Por isso, a leitura é tão imprescindível. A fusão destas duas dimensões, Palavra e Lavrador, concretiza, no Palavrador, o desejo de deixar não só para as minhas amadas netas, mas também para os que se deixarem envolver por sua mensagem, o legado da leitura e da compreensão do que é o mundo com menos clareiras florestais e lexicais.
Além do Mura da Estrada – Contos sem Descontos é constituído de cinco contos que procuram decifrar a incessante busca do “eu” em sua trajetória no mundo. O intuito é fazer, através da ficção, um estudo sobre a realidade para obter como resultado possíveis descobertas. Como se processa a movimentação íntima do Ser? Quais são seus desejos, vontades e aspirações? Como lida com medos, dúvidas, perdas, frustrações e limitações? Quais são suas necessidades, carências e escolhas? E se fosse possível fazer diferente? Esta obra é, assim, um questionamento particular que visa à pluralidade. Tem a intenção de contar histórias, com sentimento e delicadeza, sobre os movimentos do “eu” no mundo em relação a si mesmo, a pessoas e coisas. Assim é (sou) o “eu”: um ser no seu mundo e, ao mesmo tempo, no mundo de todo mundo. A partir de experiências e reflexões acerca das relações que se estabelecem entre as partes e o todo é que se vai construindo este grande espelho em que cada um pode estar refletido. Além do Muro da Estrada é um convite a pensar além. Cada conto tem duas histórias: uma linear que pode ser compreendida facilmente através do fio narrativo e outra que está contada por meio das metáforas apresentadas ao longo da escrita. É preciso mergulhar para acessar os dois universos, conjugá-los e fazer melhor proveito do texto.
Livro-me – Talvez o prezado leitor possa considerar que o título desta obra sugira que algo ou alguém necessite desfazer-se de alguma coisa. A licença poética, contudo, permite-me transformar o substantivo “livro” em verbo. Neste caso, o verbo “livrar-se” toma para si o sentido do substantivo e deixa de significar desfazer- se ou tornar-se livre de alguma coisa, passando a exprimir a ideia de transformar- se em livro. Esta é a minha segunda coletânea de crônicas. Penso que agora estou definitivamente me livrando, isto é, traduzindo, cada vez mais, ideias em palavras, transformando-as em livros. Quando faço este movimento – que se inicia de fora para dentro, mas que só se concretiza quando ponho para fora reflexões em palavras escritas – livro-me. As ideias estão dentro de mim, porém, quando livro- me, não me pertencem mais, ganham mundo, vão viajar por onde nem se pode imaginar, passando por tantos outros pensamentos. Contudo, eu também acabo me livrando, no sentido literal, tornando-me mais leve, quando faço materializarem-se, no papel em branco, sentimentos relacionados às dores do mundo, da alma e de amores de que falava na minha obra anterior, Palavralgia, e que continuo abordando no presente trabalho. Livro-me quando ponho a esburacada alma para fora. Só a sutil substância, de que é formada a imaginação, é passível de preenchê-la, transformando o que é oco em algo um pouco mais substancial. Então, em vez de pedir a Deus que me livre, digo “Deus me livro”, doando, assim, um pouco e alma, uma pequena contribuição, com aquilo que mais gosto de fazer: livrar-me. Então, livrai-me, Senhor!
Palavralgia é um livro de crônicas. Este termo não existe em dicionários, foi criado para dar título à obra e expressar sentimentos. A tradução de Palavralgia pode ser “dor da palavra” porque a obra aborda temas relacionados a dores do mundo, dores da alma, e dores de amores. No segmento “Dores do Mundo” podem ser encontrados temas relativos à miséria, guerra, preconceito, violência, discriminação e etc, sobre os quais é lançado um olhar crítico, com certa ironia e certo humor. Nas “Dores da Alma”, é possível encontrar crônicas que tratam do tema “medo”, por exemplo, que é uma das maiores dores da nossa alma. E, nas “Dores de Amores”, a autora fala das próprias dores, cada um sabe das suas, mas acaba que todos ficamos muito parecidos porque, como o livro trata da alma humana, nós passamos por situações muito semelhantes, por isso há muita identificação e reconhecimento na leitura. Objetivo dessa obra é principalmente tirar o leitor do lugar comum, é incomodar, é provocar, com o intuito de promover reflexão.