Novos ventos chegaram.
Bem devagar, mas o suficiente para começar a empurrar o nevoeiro.
Rastreando o tempo e a memória, retomamos nossos trabalhos.
Embrenhamos nas tintas, no barulho da prensa, no cheiro de querosene, nos pensamentos como instrumento para texturas, nos estudos de poesias que fluem em impressões de gravuras.
Pensar Mitologia.
Identificar imagens e reflexões, fragmentadas e com diferentes entonações.
Encontrar percepções do nosso entorno.
Entender a Mitologia como uma afirmação de alguma crença ou mistério. Atravessar o tempo trazendo elementos para um novo momento histórico. Pensar onde o herói e o personagem ultrapassam mistérios e mitos.
Manter as ondulações de seus significados, o fluir de suas energias, com novas formas e outras roupagens. Amalgamar sentidos e ideias, em nossas fantasias contemporâneas.
Voltando aos séculos V e IV a.C.
Período rico em ideias filosóficas, políticas e sociais, onde o mito grego Hygeia, filha de Asklepios, deus da medicina, traz contribuições diretamente ligadas ao comportamento humano, replicadas no mundo de hoje. A natureza divina de Hygeia, naquele momento de transformação social era ligada à cura, ao ritual da higiene e às escolhas dos alimentos: hábitos necessários para combater todos os males. Físicos e mentais. A cada momento de fragilidade política social com deslocamento de populações em condições precárias surgia um descontrole e a possibilidade de contaminação entre os povos.
O desenvolvimento da medicina frente a doenças endêmicas é um fato histórico. A deusa grega Hygeia sinaliza a necessidade da prevenção. A prevenção engaja o espírito, o corpo, a mente e a realidade social. Em uma narrativa, os enfermos que iam ao encontro de Asklepios passavam pelos jardins de Hygeia e por muitas vezes, já ali recebiam a cura.
Fortes analogias para nossa neblina que não só embaça possibilidade de reformas, como retém acontecimentos para se alcançar a maturidade plena.
Na sua dissipação encontramos a percepção da arte como um centro nervoso de cura.
Hygeia reconstruiu a luz. Os enfermos ao passarem por seus jardins tinham suas mentes e corações purificados com a energia da cura para seguirem adiante em forma de arte.