Corpos Invisíveis (2023) é um filme em longa-metragem, documentário, com 76 minutos de duração, que reúne as narrativas de onze mulheres negras que partilham experiências que afetam suas corporeidades, seu ser e estar no mundo, a partir de pautas de gênero, raça, classe e território; abordando, assim, o “tornar-se mulher negra” na sociedade brasileira contemporânea.
“Corpos Invisíveis”: documentário retrata vivências de mulheres negras com sensibilidade e difunde debate sobre apagamento social
Escrito e dirigido pela cineasta Quézia Lopes, longa conta com relatos pessoais e artísticos de onze mulheres negras
O que é ser mulher negra no Brasil? A partir das percepções sobre o amor, o afeto e os atravessamentos raciais, onze mulheres de diferentes origens e histórias, expõem suas experiências de vida e como suas corporeidades são afetadas pelo mundo. Corpos Invisíveis (2023), roteirizado e dirigido pela cineasta Quézia Lopes, é um longa-metragem que nos convida a refletir sobre o tornar-se mulher negra na sociedade brasileira contemporânea, por meio da abordagem de vivências que atravessam questões de gênero, raça, classe e território.
— Esse trabalho começa nas minhas próprias vivências. Existe uma sub-representação das pessoas negras no audiovisual e eu quis preencher essa lacuna visitando as narrativas de mulheres negras como eu, compartilhando vivências que não são individuais. Acredito que para vislumbrarmos o futuro, temos que olhar para o nosso passado, para nossas dores e alegrias, para quem veio antes de nós. Temos que valorizar que somos fruto e parte de uma luta que antecede a nossa existência e nos unir pode ser o caminho para nossa cura — afirma Lopes.
Mesclando performances artísticas com a narrativa desenvolvida pelas entrevistadas, o longa, de 76 minutos de duração, foi filmado em 2019 e, desde então, já se tornou mostra cultural, com exposição fotográfica e conteúdo educativo, por meio de cortes para exibição — videoinstalações produzidas a partir do mesmo material bruto do filme. Depois da adaptação do filme em uma mostra realizada em 2021 na Lona Cultural de Guadalupe, na Zona Norte carioca, o documentário chega ao grande público em exibições no Rio de Janeiro, Niterói, Bogotá, Cartagena e Los Angeles.
— Quando conheci o roteiro do filme, percebi que ia de encontro a minha pesquisa, que iniciei desde 2014, sobre corporeidades negras e que deságua no nascimento do meu espetáculo Lótus, no qual sou protagonista. Falo sobre solidão da mulher negra, sobre corporeidades e hiperssexualização, desembocando no ano de 2016, quando começo a trabalhar o meu mestrado sobre performances de mulheres negras. Dessa maneira, Corpos invisíveis, para mim, era muito familiar e pude colaborar de uma maneira muito fluida e verdadeira, com muita entrega. Foi um processo bonito de se fazer — com um corpo de muitas mulheres, todas muito competentes no que se estava fazendo — e de se falar sobre — afirma Danielle Anatólio, preparadora corporal e de elenco, performer e atriz no filme, participando ativamente do processo artístico.
De caráter provocativo, Corpos Invisíveis expõe a diversidade e semelhanças entre os processos vividos pelas mulheres negras. Com talentos negros presentes desde a produção, passando por toda a equipe, o documentário cria um espaço seguro de compartilhamento de afetos não só de quem o realiza, mas também para quem o assiste. Dessa forma, uma das propostas da direção, é promover debates logo após a exibição do filme, aproximando ainda mais o público e enfatizando a importância do debate acerca da equidade racial e de gênero para o desenvolvimento de um país melhor e mais justo.
Sobre Quézia Lopes:
Quézia Lopes é cineasta, arte-educadora e pesquisadora em cinema negro curta-metragista contemporâneo. Diretora, roteirista e produtora/ produtora executiva. Fez assistência de produção executiva nos longas-metragens nos documentários “Entre nós, um segredo” (Encantamento Filmes e Vitrine Filmes, 2020), disponível na MUBI, e “Ioiô de Iaiá” (Encantamento Filmes e Elo Company, 2020), disponível na Globoplay.
Em 2023, prepara o documentário transmídia “Corpos Invisíveis”, seu primeiro longa como roteirista e diretora, no qual também assina a produção executiva, com patrocínio da Coca-cola Brasil, Instituto Coca-cola e Fundo Baobá.
Curadora, diretora e produtora executiva da Mostra Cultural Multiplataformas “Corpos (In)visíveis: entre a dor e a potência” (2021), com patrocínio da SECEC-RJ (RJ).
Roteirista e Diretora da “Oficina de Produção Audiovisual” (2021), conteúdo VOD para a plataforma de streaming Netflix, que contou com patrocínio da Secretaria das Culturas de Niterói (RJ).
ELENCO:
Performers: Danielle Anatólio, Thais Ayomide, Bárbara Assis e Flaviane Damasceno
Entrevistadas: Stephanie Ribeiro, Dani Ornellas, Luana Xavier, Carolina Rocha, Dandara Barbosa, Simone Ricco, Danielle Anatólio e Camilla Ribeiro
Direção Musical: Sara Negritri
Trilha Musical: Xênia França, Serena Assumpção e Gilberto Martins, Di Ganzá, Elias Rosa e Allex Flores. Apoio Cultural: Selo Sesc, Agogô Cultural e Universal Music
Produção: Rossandra Leone e Quézia Lopes | Rio de Janeiro | Outubro Filmes
Idioma: Português (legendas em inglês, espanhol, italiano, francês e português)