Tema do dia 20/07/22 : As faces do ciúme e da traição pelo olhar da psicanálise
O sentimento do ciúme é um velho conhecido de todos nós. Podemos vivenciá-lo de forma quase imediata, nos padrões de relacionamento das pessoas ao redor, no cotidiano da atividade clínica e também ao longo de nossa trajetória social, seja em prosa ou verso na literatura, no teatro, no cinema, demonstrando ser uma temática recorrente em nosso histórico cultural.
Em seu artigo sobre o ciúme, Sigmund Freud o compara a outras emoções normais que possamos sentir, citando como exemplo o luto, sempre tão necessário para a elaboração de nossas perdas.
O que preocupa são os extremos, ou seja, no caso do ciúme, sua ausência nos denuncia um problema, assim como sua intensidade pode revelar uma patologia. Neste novo encontro, o Projeto Língua Viva convida a revisitar e conhecer, a dinâmica que opera nos três níveis de ciúme citados por Freud: o competitivo ou concorrencial, o projetivo e o delirante.
Vale ressaltar também, uma pertinente consideração do psicanalista Christian Dunker, que aponta ainda para uma quarta e ardilosa modalidade do ciúme, o ciúme induzido, já abordado com maestria muito tempo atrás pelo teatro de William Shakespeare no clássico “Othello – O Mouro de Veneza”.
E como falar de Ciúmes, sem remeter à outra face da mesma moeda, ao espectro persecutório da Traição e seus destinos? Na roda de conversa do Projeto Língua Viva, os psicanalistas Marília Flores e Abílio Ribeiro Alves, vão estabelecer mais uma vez, esta ponte cultural entre o discurso analítico e o caráter visionário da arte, instigando a discussão de temas sempre a frente do espírito de seu tempo, como no caso da Traição na obra de dois grandes nomes da literatura e do teatro brasileiro: Machado de Assis, no livro “Dom Casmurro” e Nelson Rodrigues, em peças emblemáticas, como “Perdoa-me Por Me Traíres”.
Tema do dia 11/05/22 : Elogio à Eros – Em Tempos de Imperativo ao Gozo e Morte
Ícone da filosofia ocidental, Platão ao apresentar a seus leitores uma das obras-mestras do pensamento clássico grego sobre o amor, intitulado “O Banquete”, compartilha um inestimável legado de narrativas, que versam a respeito das mais elevadas aspirações da alma, capazes de transitar por distintas faces do sentimento humano, ao longo de sete discursos investidos de solenidade e relevância, numa louvação à Eros, num elogio ao Deus do Amor.
Trata-se do exemplo histórico de como um tema mítico, pode ser investigado pelo método dialético, adquirindo uma feição filosófica, que irá se debruçar sobre os mistérios da natureza humana e da sexualidade, relacionados ao problema da verdade e do conhecimento. Eros através dos séculos, se tornaria objeto de estudo de grandes pensadores contemporâneos, entendendo-se da poesia e filosofia à psicanálise. Ao final de sua obra “O Mal-Estar na Civilização”, lá está Sigmund Freud a nos falar sobre a tensão e o embate atemporal entre Eros, a pulsão de vida e Tânatos, a pulsão de morte. Se a morte ronda, Eros representa a pulsão de vida que une e resiste. Por sua vez, na abordagem filosófica, George Bataille em seu livro “O Erotismo”, afirmaria: “O sentido último do erotismo é a fusão, a supressão do limite” (...) “O erotismo é a aprovação da vida, até na morte. E no recorte epistemológico de Jacques Lacan, a partir da releitura freudiana, este também nos deixou em sua obra, valiosas contribuições que abordavam o tema, como certa vez ressaltou: “O amor (Eros) é o que permite ao gozo condescender ao desejo”; ou seja, instaura a falta que nos faz desejar.
Estes e muitos outros desdobramentos teóricos, estarão presentes no mais recente encontro promovido pelo Projeto Língua Viva: “Elogio à Eros ‘- Em Tempos de Imperativo ao Gozo e Morte”; a partir de uma instigante roda de conversa com os psicanalistas Marília Flores e Abílio Ribeiro Alves, na Sala de Leitura da Cidade das Artes. Dia 11 de maio, às 16 horas, o Projeto Língua Viva espera por você!
Coordenadores do Projeto
Marília Flores, graduada e pós-graduada em psicologia pela UFF; psicanalista membro titular da SPID; professora colaboradora da SPB; co-autora do livro 'Escritos sobre Psicanálise e Literatura', Ed. Companhia de Freud. Apaixonada por literatura, vem há anos dedicando-se a pesquisar a interface deste campo com a psicanálise, tendo idealizado e coordenado por quatro anos o projeto Interlocuções: Psicanálise e Literatura na Cidade das Artes.
Abílio Ribeiro Alves, graduação e Especialização pela PUC-RJ; psicanalista membro da ELP-RJ; coordenador do seminário Política e Ética na Psicanálise; autor do romance Siboney, publicado pela Editora Verve.