Quadros de Van Gogh em realidade virtual e exposição de aparelhos antigos: festival Hacktudo volta à Cidade das Artes com novidades

Temas abordados nesta edição do evento de tecnologia vão de sustentabilidade a inteligência artificial, passando pelo excesso de informação

O GLOBO 

Por  Madson Gama    24/10/2023 

Inteligência artificial, metaverso, realidade aumentada, sustentabilidade e a contribuição do avanço tecnológico na mobilidade de uma cidade serão os fios condutores da sétima edição do HackTudo, festival de cultura digital a ser realizado na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, na próxima quinta-feira, dia 26, das 12h às 19h, e no fim de semana (28 e 29), das 14h às 22h. Majoritariamente gratuita, a programação tem como destaque atividades que prometem envolver e instigar a curiosidade do público, como uma exposição em realidade virtual de obras de Van Gogh, uma parede de escalada de oito metros de altura que simula uma placa mãe de computador e uma corrida de drones.

— O HackTudo é um festival que aproxima pessoas de todas as idades de novas tecnologias através de atividades culturais. Estamos reconstruindo cenograficamente o famoso “Quarto em Arles”, de Van Gogh, com a ideia de que a realidade virtual pode te levar de um cômodo para o mundo. A partir do quarto, que é acessado com óculos especiais, você consegue adentrar outros ambientes retratados e explorados pelo artista, como “A noite estrelada”. Esse circuito é uma das grandes novidades desta edição. Outra instalação é a “Deusa da Net”, uma parede recheada de lixo eletrônico que o público poderá escalar. A intenção é chamar a atenção para a importância do descarte consciente — detalha Miguel Colker, diretor e curador do festival.

As atrações são divididas em sete seções: HackGo, com oficinas tecnológicas; HackDrones, com a corrida desses dispositivos; HackMaker, que apresentará invenções que combinam impressão 3D, tecnologia e design, como a Guitarra Maker, fabricada a partir de um banco de bar; HackExpo, que conecta as artes visuais com as temáticas do evento; HackLab, com oficinas de criatividade, como uma que combina massinha com tecnologia interativa; HackDelas, espaço para o incentivo de maior participação de meninas e mulheres na área de ciência e tecnologia; e HackConference, com palestras sobre Inteligência Artificial.

— O festival estimula pessoas de todas as classes sociais a olharem para a cultura digital, não só de maneira entusiasmada, mas de forma crítica. Ao mesmo tempo em que temos a corrida de drones, por exemplo, tratamos dos efeitos do excesso digital, em uma instalação composta por um túnel com 156 telas de diferentes tamanhos com vídeos que vão abordar o tema — explica Colker. — Nossa proposta é democratizar o acesso à discussão a respeito dos diferentes temas sobre tecnologia em evidência. O debate sobre a inteligência artificial, por exemplo, não está completamente amplificado na cidade; está concentrado em bolhas de elites. Acreditamos que podemos despertar esse interesse em grupos da Cidade de Deus, por exemplo.

A corrida de drones será disputada por competidores de diferentes regiões do país. Os pilotos vão ter que apresentar suas habilidades num circuito de cerca de 500 metros quadrados com diferentes tipos de obstáculos. Além de acompanhar, o público poderá participar de oficinas para aprender a mexer com esses dispositivos. Outro destaque desta edição é a exposição HackNostalgia, formada por aparelhos antigos, como IPods e celulares BlackBerrys.

Uma das grandes conexões entre a cultura e a tecnologia se dará com a cerimônia Kuarup, um ritual fúnebre sagrado dos povos indígenas do Xingu, em realidade virtual, com cenários como ocas em 3D. As imagens foram feitas pelo fotógrafo Cafi, pai de Colker, durante homenagem ao antropólogo Darcy Ribeiro, defensor da causa indígena, na região .

Gratuita, a programação do fim de semana pode ser conferida no site hacktudo.com.br. Já o primeiro dia, que contará com uma conferência sobre inteligência artificial, é pago, com ingressos à venda em hacktudo.com.br/conference.