A expressão elefante branco, surgida no antigo Reino de Sião (atual Tailândia), descrevia um animal raro, sagrado, com alto custo de manutenção e de pouca utilidade prática. E o que a Cidade das Artes tem a ver com isso? No bojo da polêmica que rondou a sua construção, o carioca, com seu humor característico, logo associou aquele gigante que surgia na Barra da Tijuca ao tal elefante pálido e sem função.
Havia certo exagero na comparação, mas não deixava de ser acertada a crítica de que a Cidade das Artes precisava ser mais inclusiva, diversificada, aberta, democrática e ativa na vida cultural e artística da cidade. Se tamanho é documento, era preciso refundar a identidade do espaço e montar uma programação à altura.
Desde 2017, mais de 1.500 atrações passaram pela Cidade das Artes, entre produções artísticas e eventos abertos a todas as pessoas. O elefante se levantou e passou a exibir um colorido cada vez mais vibrante. Em termos de público, ultrapassou a marca de 1 milhão de espectadores. Em 2018, mais 400 mil visitantes passaram pela casa, transformando-se num dos polos culturais do Rio. O ano de 2019 promete ser ainda mais intenso.
A agência de publicidade Mullenlowe Brasil percebeu a oportunidade de, através de uma parceria, criar uma campanha criativa utilizando a imagem do elefante agora colorido, como forma de se apropriar de um elemento outrora negativo.
Como um elefante atrai o outro, o pessoal que produz o Elephant Parade, exposição que trouxe ao Rio 60 esculturas que reproduzem filhotes do bicho em tamanho natural, também resolveu participar do projeto. Atualmente, dois elefantinhos pintados estão expostos, durante todo o mês de novembro, na esplanada da Cidade das Artes.
Um dos grandes orgulhos da casa foi ter conseguido criar projetos sociais que atendem a moradores do seu entorno. São realizados, semanalmente, oficinas, palestras, cursos e workshops gratuitos. Foi criado o Projeto Jovens Músicos, no qual estudantes de comunidades como Gardênia Azul, Cidade de Deus e Anil, entre outras, têm aulas de violão e teclado de graça, com a possibilidade de levar os instrumentos emprestados para casa. Um público que, antes, não se sentia convidado a entrar na Cidade da Artes mas hoje sente que esse espaço público, único e enriquecedor, é dele.
Temos agora um lindo elefante colorido diariamente pelos cariocas.
A ficção já mostrou elefantes com poder de voar. Aqui, decolamos de verdade. Venham conosco!
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