Zé Celso em cena em 'O Rei da Vela', na Cidade das Artes - Foto: Fátima Sá
É desafiante para a atual audiência, dispersiva e impaciente, penetrar no texto longo.
Jornal O GLOBO
POR MACKSEN LUIZ 16/04/2018 4:30
RIO — Na estreia de “O Rei da Vela”, há 50 anos, no Teatro Oficina, o texto de Oswald de Andrade, escrito 34 anos antes, surpreendia e criava impacto político-estético no teatro de um tempo de repressão e censura. Os fundamentos antropofágicos e as liberdades modernistas que Oswald exibia em sua farsa em três atos sobre as consequências do crack de 1929 da Bolsa de Nova York na burguesia cafeeira de São Paulo eram expostos com desabrido rompimento de padrões cênicos então circulantes.
O Oficina, que vinha de repertório realista, dá uma virada que anunciava o que aconteceria depois na linha brechtiana de seus próximos espetáculos, e na linguagem dionisíaca de sua fase atual. O Brasil da década de 1960 está triturado por encenação que recorre ao Brasil da década de 1930 para demolir a hipocrisia de classe, parodiar a injustiça econômica e caricaturar comportamentos.
O diretor José Celso Martinez Corrêa tinha a certeza de que propunha algo inovador, insolente, que repercutiria de forma demolidora. A crítica se confessava perplexa, a intelectualidade, instigada, artistas, inspirados, e o público, confuso, mas mantendo a montagem por mais de uma década. A publicidade procurava orientar plateias, sintetizando a complexidade que perturbava os espectadores: “Três estilos num só espetáculo (realismo, revista, ópera e ainda missa negra) — vida, paixão e morte de um burguês brasileiro”.
Integridade criativa intacta
Hoje, ao rever “O Rei da Vela”, o impacto não será o mesmo para um Brasil mais ou menos diferente. Não será, também, tão afrontoso quanto parecia aos que acusavam o golpe por estar na mira. O que pode ser visto na Cidade das Artes é a reprodução, cenário a cenário, música a música, do que Zé Celso criou e Hélio Eichbauer desenhou. A integridade criativa está intacta, sem que se reduza ao registro histórico ou à reprodução memorialística.
A cena pulsa com a mesma força viva de origem e renasce pelo rigor e técnica da dinâmica de sua invenção. É desafiante para a atual audiência teatral, dispersiva e impaciente, penetrar em texto, longo e discursivo, e se deixar levar por sucessão de quadros com códigos ainda não completamente digeridos. Mas os batimentos estrondosos que estão no coração de um corpo cênico vigoroso espalham imagens sanguíneas que abrem os vasos comunicantes.
A abertura do segundo ato, com “Yes, nós temos bananas” cantado por coro de um teatro de revista mambembe e na exuberância tropicalista da cenografia, é encerrada pela citação de Bilac de que “não há país como este”. O terceiro ato tem direção primorosa, que conquista a atenção silenciosa dos que o assistem.
O elenco impecavelmente reconstitui com efeito fotográfico a excelência do passado. Destaque para a disponibilidade de Marcelo Drummond no “tour de force” na interpretação de Abelardo.
“O Rei da Vela” de 2018 comprova a permanência de uma arte em que o efêmero se confunde com palco. Como lembrou Zé Celso anteontem, sua encenação é uma obra de arte, como seria uma pintura ou qualquer outra manifestação mais “duradoura”. Talvez agora “O Rei da Vela” se confirme como valor “definitivo”. E pareça um tanto menos ruidosa ao apelar no final que o público, “esse imenso cadáver gangrenado”, não aplauda o que acabou de ver, sugerindo chamar bombeiros e polícia para salvar tradições e moral.
Cotação: ótimo
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