Por Dâmaris Grün - 5 de Março de 2018 - site https://aplausobrasil.com.br
RIO DE JANEIRO: “Não sou escravo de nenhum senhor/ Meu Paraíso é meu bastião/ Meu Tuiuti, o quilombo da favela/ É sentinela na libertação” (samba enredo da escola Paraíso do Tuiuti). Começo esse texto sobre o espetáculo Contos Negreiros do Brasil exortando os versos do samba enredo da escola de São Cristóvão, que sagrou-se vice campeã do carnaval usando a escravidão como temática central. Traço esse paralelo porque são dois grandes espetáculos que tratam sobre o povo negro e sua condição no Brasil.
A escola de São Cristóvão abriu seu desfile com uma encenação realista de como eram tratados os negros escravizados no Brasil. Açoites, correntes, tortura, dor. O realismo das fantasias, da atuação dos atores/foliões, da coreografia dessa comissão de frente nos emocionou e nos fez dizer “sim, é isso”. Essa é a mesma sensação que temos quando começa Contos Negreiros do Brasil. Idealizado pelo sociólogo e filósofo Rodrigo França (que também está em cena), pelos atores Aline Borges, Milton Filho e pelo diretor Fernando Philbert, o espetáculo remete logo de cara ao recente desfile da Tuiuti. O sociólogo se dirige à plateia: “O Brasil é um país racista”. É possível ouvirmos também aqui “sim, é isso”. São dois prólogos impactantes, belos e que contém um discurso de urgência.
Em seguida, Rodrigo França faz um depoimento pessoal. Fala da sua origem, sua família, sua trajetória, sua condição de negro num país racista. A partir daí ele começa a apresentar estatísticas alarmantes. Essa aula é intercalada pela encenação dos 12 contos de Marcelino Freire em Contos Negreiros.
Os contos do autor pernambucano possuem uma estrutura narrativa com forte carga de oralidade, funcionando como monólogos de vozes que narram o sofrimento da condição do negro na sociedade. Essa carga dramática contida no texto proporciona uma relação direta entre o ator e o espectador, sendo esse último um interlocutor ativo dessa dor narrada, como se estivesse nele o sujeito confidente mas também agente da dor do personagem marginalizado. Esses monólogos fazem um jogo bastante dinâmico com o realismo dos dados, já que funcionam como uma espécie de ficcionalização dos mesmos. A composição dos personagens é mimética, muito bem delineada pelos atores, que materializam os corpos e gestos dos sujeitos contidos nos contos de Freire -como uma mulher negra marginalizada, o trabalhador braçal, a anciã, o homossexual – com bastante carga dramática.
O espetáculo segue essa lógica de aula, exposição didática, exposição documental em cena através de projeções de fotos dos artistas, de familiares, de ativistas da luta negra, de documentos pessoais caros aos artistas ali envolvidos.
No final, cada ator se dirige ao público e faz seu depoimento pessoal a partir de sua condição. Esse documento pessoal reitera e reverbera os dados de forma muito mais contundente, emocionante e real do que os próprios contos encenados. Nesse momento, o espetáculo ganha mais sentido porque a experiência dos atores repartida com o público possui uma dimensão afetiva e empírica que só os documentos vivos, os atores e suas histórias, podem nos dar. Não há nesse momento composição de personagens. Há atores sociais falando diretamente através de suas experiências. Aqueles contos, aqueles dados, agora, no documento vivo dessas falas diretas, dos atores-sujeitos da ação ganham um tom trágico que coloca o espetáculo na urgência referida no título.
Não há muito o que escrever sobre esse espetáculo urgente e obrigatório. É preciso vê-lo, senti-lo, pensá-lo, digeri-lo, indicá-lo a todos. É política em cena. É resistência. É nossa obrigação falar sobre o tema.
“Hein seu branco safado
Ninguém aqui é escravo de ninguém”
(Canto primeiro, TRABALHADORES DO BRASIL, Contos Negreiros, de Marcelino Freire)
+ Informações: Acesse nossa programação
O estacionamento da Cidade das Artes estará fechado ao público a partir de 24 de fevereiro, segunda-feira, até 5 de março, quarta-feira de Cinzas, para a realização do evento CarnaRildy . Durante esse período, fica liberado o acesso apenas para embarque e desembarque, exclusivamente, pela entrada da Avenida das Américas
PROGRAMA FORMAÇÃO DE PLATEIA O Programa de FORMAÇÃO DE PLATEIA da Fundação Cidade das Artes tem por objetivo democratizar o acesso aos espetáculos e atividades culturais do Complexo Cidade das Artes Bibi Ferreira, promovendo a cidadania e a inclusão social . DO CREDENCIAMENTO E DOCUMENTAÇÃO - Poderá participar do Programa Pessoas Jurídicas sem fins lucrativos
Atenção! Informamos que os espaços internos e externos da Cidade das Artes estarão fechados de 23 de dezembro de 2024 a 05 de janeiro de 2025 . Lembramos que os ensaios fotográficos também estarão suspensos nesse período
A Cidade das Artes está com uma programação especial para comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11) . As ações comemorativas do mês Novembro Negro, de valorização dos movimentos sociais antirracistas, incluem peça teatral, lançamento de livro, apresentação de canto e dança ambientada com o tema África, espetáculos de companhia de dança afro contemporânea, show dos Golden Boys – Pais e Filhos e evento multicultural de performance com artistas drags e negras do Rio de Janeiro
A Cidade das Artes reforça o compromisso em defesa da diversidade, inclusão e igualdade e prepara uma programação especial para comemorar o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, celebrado no dia 28 de junho . Para marcar a data, a Sala de Leitura recebe a advogada, psicanalista, escritora, especialista em mestre em Direito das Famílias e Sucessões”, Tânia Nigri, para um encontro sobre as conquistas fundamentais do público LGBTQIA+
A Cidade das Artes Bibi Ferreira suspende as atividades de atendimento ao público, a partir desta segunda-feira (27/05), para a realização dos eventos Rio2C e Energy Summit . A Sala de Leitura, a exposição da maquete Lego, as galerias e a bilheteria ficam fechadas temporariamente
R E S U L T A D O CLIQUE AQUI e veja se o seu projeto foi habilitado no edital de cessão de pauta 2024 da Cidade das Artes . Se o seu nome estiver na lista, aguarde o contato da equipe
A FUNDAÇÃO CIDADE DAS ARTES torna público o Programa de FORMAÇÃO DE PLATEIA que tem por objetivo democratizar o acesso aos espetáculos e atividades culturais do Complexo Cidade das Artes Bibi Ferreira, promovendo a cidadania e a inclusão social . 1- DO CREDENCIAMENTO E DOCUMENTAÇÃO 1
A Cidade das Artes Bibi Ferreira, na Barra da Tijuca, está com uma programação especial para comemorar o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 08/03 . A agenda comemorativa inclui um concerto da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) em homenagem as mulheres na música, a realização do Prêmio Nise da Silveira, que é um reconhecimento a mulheres inspiradoras, bate-papo gratuito sobre maturidade feminina, evento com alunos da Secretaria Municipal de Educação e uma exposição de arte itinerante sobre diversas situações da vida feminina
A Cidade das Artes Bibi Ferreira, na Barra da Tijuca, vinculada à Secretaria Municipal de Cultura (SMC), venceu o prêmio “Musical . Rio Destaques 2023” na categoria de Teatro Favorito, com 28,8% dos votos