A artista plástica Silvia Mecozzi, que está expondo na mostra O Artista e a Bola, conversou conosco sobre sua carreira, suas influências e os rumos da arte no Brasil e no mundo. Adoramos trocar essa ideia com você, Silvia. Muito obrigado. Olha que legal o nosso papo!  

1.      Como foi sua formação artística?

Nasci dentro de um atelier-escola. Meu contato com a arte começou desde então, pois tinha pai pintor e professor de artes. Minha "formação" artística  foi informal. Fiz faculdade de administração de empresas e ao mesmo tempo frequentava vários cursos livres de desenho, pintura, fotografia, o que desse pra fazer. A partir dos 30 anos pude finalmente me dedicar só ao meu trabalho.

2.      Quem foram as suas maiores influências na arte?

Meu pai, Vicente Mecozzi,  e sua biblioteca de livros de arte, o Luiz Paulo Baravelli, cujo atelier tive o privilégio de frequentar como assistente, Sergio Fingermann e Carlos Fajardo. Olhei muito a pintura dos impressionistas e o expressionismo abstrato americano. Aprendi muito visitando exposições, indo ao teatro, ao cinema, vivendo.

Sou uma artista de atelier. Meu trabalho surge da pratica.

3.      Quais os artistas da atualidade que mais te chamam a atenção?

O que me chama atenção na atualidade é a infinidade da produção sem eu saber quem são os artistas. Sigo me interessando por Richard Serra, Rebecca Horn, Louise Bourgeois, Pipilotte Rist, Ernesto Neto, Cildo Meirelles, Sergio Fingermann, Anish Kapoor e outros cuja trajetória me faz ter vontade de seguir.

4.      Como foi o convite e que tal participar da exposição “O Artista e A Bola?”

Fiquei muito honrada com o convite, pois admiro o Fabio Magalhães e achei a escolha dele muito afinada e eclética. É uma curadoria que favorece as obras e sua diversidade.

5.      Qual a magia da esfera nas artes?

O circulo é o inicio, o ponto final, a forma que se fecha em si mesma, a roda da vida.

6.      Qual a proposta de seu projeto, o Ateliê Faisão?

O Ateliê Faisão é um espaço aberto uma vez por semana no meu próprio ateliê para desenvolvimento de poéticas pessoais. As pessoas vêm pra desenhar, pintar, trocar experiências artísticas. Tem gente que nunca pegou num pincel, tem gente que já esta articulando um trabalho autoral. O que fazemos é orientar cada um a descobrir seu caminho expressivo. As aulas tem duração de 4 horas com propostas de exercícios durante a primeira hora, e orientação o resto do período.

7.      E o seu lado designer? A experiência com a MTrancoso segue adiante?

Não me considero designer.  Desenvolvi produtos  a partir de minha experiência como artista vivendo parte do tempo no sul da Bahia. Minha vivência lá, perto de arquitetos que estavam construindo casas, vivendo e pensando a região, mais a habilidade dos nativos no trato com a madeira me possibilitaram desenvolver objetos, e posteriormente esse universo de formas inspirou desenhos de estamparia para tecidos e porcelana. Meu design foi mais ligado ao artesanato, sem a pretensão de inovar nada. O que aconteceu foi um belo encontro de saberes e olhares.

8.      Como você vê o mercado artístico atual, no Brasil e no mundo?

Acho que o mercado de arte se expandiu, sem dúvida. Mas o que eu vejo aqui no Brasil, pais onde vivo e produzo, é que grande parte das pessoas que tem condições financeiras pra adquirir e conviver com obras de arte, não tem interesse nem cultura para absorver o que é produzido. O que acho que pode fazer esse mercado evoluir é que algumas galerias estão propondo: visitas guiadas, palestras, a fim de abrir a percepção das pessoas para a fruição única que é estar em contato com obras de arte, com a poesia na vida.

9.      Você acha que a chegada da internet mudou as tendências estéticas da arte, além da distribuição e acesso? Como?

Com certeza mudou muito a estética… acho muito positivo, pois democratizou as linguagens, o acesso à informação, a troca de saberes

10.  Ainda existe espaço para movimentos artísticos ou as individualidades dos artistas são mais importantes hoje em dia?

Vejo que os coletivos estão funcionando bem, acho uma experiência muito rica e que possibilita jovens artistas se desenvolverem em grupo e se fortalecerem… com o tempo a individualidade do artista acaba por aflorar e se impor.

11.  Quais são seus próximos planos e projetos?

Tenho trabalhado principalmente em esculturas de mármore, estou finalizando uma vídeo instalação na qual venho trabalhando há 4 anos e tenho exposições agendadas em Salvador e em são Paulo…meus planos são trabalhar, trabalhar, trabalhar!